terça-feira, 15 de dezembro de 2009


E um Ano Novo de 2010 FANTÁSTICO!
Boas Férias para todos.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ficha nº 2 de Verificação de Conhecimentos (Teste de 26 de Novembro)


Escola Secundária de São João da Talha

Ficha nº 2 de Verificação de Conhecimentos de História A 12º Ano

Profª. Leonor Baião Santos Novembro 2009

Esta ficha é de revisão da matéria dada para o seu segundo teste sumativo. Resolva-a atentamente e tire as suas dúvidas na aula de revisões.

Objectivos para o teste:
• Compreender a expansão de regimes autoritários como o reflexo do problema de enquadramento das massas na vida política, em países em que a democracia representativa não se consolidara;
• Relacionar os períodos de crise gerados pelo capitalismo liberal com a expansão de novas ideologias e com inflexão intervencionista dos estados democráticos;
• Caracterizar a ideologia fascista, distinguindo particularismos e influências mútuas.

Conceitos
Crash bolsista, deflação, totalitarismo, fascismo, nazismo, propaganda, anti-semitismo, genocídio, intervencionismo, new-deal.
_____________________________________________________________________
A Grande Depressão e o Seu Impacto Social

1. Explique o crash bolsista de 1929.
2. Relacione o crash com a depressão económica e o desemprego que afectaram os anos 30.
3. Justifique a persistência da conjuntura deflacionista.

As Opções Totalitárias

4. Integre a implantação dos fascismos na conjuntura dos anos 20 e 30.
5. Relacione o culto do chefe no totalitarismo fascista com a defesa das elites.
6. Exemplifique formas de enquadramento das massas nos regimes fascistas.
7. Relacione as perseguições anti-semitas com a violência racista nazi.
8. Caracterize o modelo económico seguido pelos totalitarismos fascistas.
9. Analise a acção política e económica de Estaline.

A Resistência das Democracias Liberais

10. Relacione as medidas do New Deal com a intervenção do Estado na economia dos EUA.
11. Justifique a criação das Frentes Populares como uma salvaguarda da democracia.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Agudizar das tensões políticas e sociais a partir dos anos 30




O Processo de Regressão das Democracias Liberais

Crise Económica e Afrontamentos Políticos

Após a Primeira Guerra Mundial a Europa viveu tempos difíceis. Arruinada e fortemente endividada, procura resolver a sua débil situação com uma política inflacionista, só que a grande quantidade de moeda em circulação não corresponde ao incremento da produção, o que provoca uma desvalorização da moeda e uma alta de preços (inflação). Esta situação particularmente grave na Alemanha, Áustria e Hungria, países vencidos e que tinham de pagar pesadas indemnizações de guerra.
Os EUA, que tinham saído da 1ª G.M. como a maior potência industrial, sofreram a primeira crise em 1920-21, face à redução da procura externa e interna, o que provocou a desvalorização dos preços, a acumulação de stocks, a baixa d produção e a abertura de falências com os consequentes custos sociais (desemprego e conflitos). Dada a crescente dependência da economia europeia face à americana, esta crise arrasta os países industrializados da Europa.
A partir de 1922 inicia-se a recuperação da crise com o relançamento da actividade industrial em particular na indústria química e automóvel, aproveitando as inovações tecnológicas, a aplicação de métodos de racionalização de trabalho e de concentração de empresas.
Até 1929, os EUA e a Europa vivem um clima de euforia, de optimismo e confiança no capitalismo – “Os loucos anos 20”.
Esta prosperidade é, contudo, ilusória. A agricultura regista contínua descida dos preços devido à mecanização e à alteração dos hábitos de consumo, o que prova o endividamento dos agricultores e um êxodo rural. Na indústria, o desemprego aumenta devido ao desenvolvimento da mecanização, o que constitui uma ameaça ao consumo que assenta no crédito.
Assim, numa economia mundial que assentava no valor do dólar e nos créditos dos EUA, a mínima crise deste generalizaria em catástrofe. Foi precisamente a especulação bolsista que despoletou, em 1929, a maior crise no capitalismo mundial. A acumulação de ordem de venda de acções fez diminuir o seu valor – Crash bolsista -, conduzindo os accionistas e os bancos à ruína, na medida em que muitos dos títulos eram adquiridos a crédito. Com a falência dos bancos cessa o crédito, base da prosperidade americana, a produção industrial diminui e os preços baixam automaticamente, as falências sucedem-se, arrastando milhares de pessoas para o desemprego e o volume das trocas internacionais diminui.
A dependência das economias face aos EUA provoca a generalização da crise em quase todo o mundo, mas com grave incidência na Europa.

O quadro social do pós-guerra; os desmobilizados e as vítimas da inflação; a vaga revolucionária e o terror das classes médias.

A alta de preços do pós guerra e as crises monetárias atingem duramente os que vivem de rendimentos
A alta de preços do pós guerra e as crises monetárias atingem duramente os que vivem de rendimentos fixos, como pequenos proprietários e assalariados. O operariado enfrenta problemas de emprego, os agricultores vão à falência e o funcionalismo vê-se reduzido a uma situação de pobreza.
A reacção destas classes a esta situação diverge. Operários e agricultores, inspirados no sucesso da revolução russa, aderem a partidos de esquerda , iniciam um surto revolucionário que se traduz por vagas de greves gerais por toda a Europa, ocupação de fábricas e de terras em Itália, insurreições de carácter bolchevista na Alemanha. A classe média de funcionários e pequeno-burgueses e proprietários, afectados no seu poder de compra que quase os reduzia ao nível dos proletários, sente-se traída pelos governos democráticos. Culta, amante da ordem e da estabilidade, teme as convulsões sociais do marxismo e deseja governos fortes que a defendam.
São presa fácil os regimes de direita, conservadores (conservadorismo) e até fascistas que lhe garantem a paz, riqueza, dignidade e patriotismo. Pensavam que estes regimes autoritários seriam transitórios, até se estabelecer a paz e a segurança e uma prevenção contra o perigo bolchevista.


A reacção conservadora: a ascensão das forças da direita nos países europeus.

As dificuldades económicas e sociais deram origem a uma crise nas democracias liberais e a uma escalada de regimes autoritários e fascistas. Na Itália, aproveitando o descontentamento social, a crise económica e a inoperãncia governativa, Mussolini “marcha sobre Roma”, em Outubro de 1922, à frente dos seus camisas negras, e obriga Vítor Manuel III a demitir o governo e a nomeá-lo chefe do Governo.
Nas eleições de 1924, Mussolini conseguiu a maioria absoluta dos votos implantando uma ditadura fascista (fascismo).
Por toda a Europa, Letónia, Lituânia, Albânia, Jugoslávia, Hungria e Bulgária, instalaram-se regimes autoritários. Também em Espanha, entre 1923 e 1930, instala-se um regime autoritário, assim como em Portugal.
Na Alemanha, aproveitando a grave crise económica de 1929 e jogando habilmente com a humilhação do Tratado de Versalhes, Hitler consegue a implantação do Partido Nacional-Socialista. Conquista o apoio dos desempregados rurais, da pequena e média burguesia, desejosos de melhorar a sua situação e ganha também, a simpatia da grande burguesia, receosa do comunismo. Em 1932, o partido nazi venceu as eleições e Hitler é nomeado chanceler em 1933. (nazismo) .
No fim dos anos 30, as democracias europeias regrediam, resistindo apenas aquelas onde a tradição liberal era muito forte, como, por exemplo, a França e a Grã-Bretanha.


Génese e Implantação do Fascismo

O Estado Totalitário Fascista

A doutrina Fascista apoia-se nos seguintes princípios:

1. Na primazia do Estado sobre o indivíduo, que lhe deve ser totalmente subordinado. O Totalitarismo do Estado fascista é político (não pode haver oposição), económico, social e intelectual, isto é, tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado (Mussolini). Na Alemanha a realidade fundamental é o povo (Volk), a raça alemã, isto é, a mística do Estado na Itália fascista acrescentou o nazismo a mística da Nação.
2. Numa ordem antiliberal, anti parlamentar, antidemocrática e anti-socialista (Mussolini), que condena a democracia e o sufrágio universal que considera irresponsabilidade colectiva, mera tirania do número, quer para Mussolini, quer para Hitler.
Assim são as elites – os mais aptos – que devem governar. Os governantes fascistas são promovidos a heróis nacionais e a raça ariana na Alemanha é a raça dominante, onde estavam incluídas forças militares, filiadas no partido, e homens (a mulher era considerada subordinada ao homem).
3. No culto do chefe (chefe carismático), que é um homem excepcional, super-homem a quem todos devem obediência – “Acreditar, Obedecer, Combater” (Mussolini) – e amar – “Um Povo, Um Império, Um Chefe” (Hitler). Mussolini e Hitler rodeiam-se de uma poderosa máquina de propaganda, de grande espectacularidade, que os transforma em chefes carismáticos capazes de provocar o histerismo colectivo.
4. No enquadramento das massas de forma a conseguir uma nação submissa mas com alma colectiva.
Desde a infância que as ideias fascistas eram transmitidas pelas Juventudes Fascistas e Hitlerianas e pela escola subserviente aos regimes de modo a formar cidadãos com o culto do Estado e do seu chefe, amantes do desporto e da guerra.
Apesar destes regimes contarem com uma base social de apoio vasta – por que a classe média pretendia emprego e segurança, os quadros dirigentes da economia, do exército, da Igreja e até da cultura queriam estabilidade e os seus privilégios de classe, e as classes laboriosas o emprego para sobreviver -, os Estados criaram processos de enquadramento para melhor veicularem os seus objectivos. A filiação no partido único garantia privilégios a uma elite fascista, assim como a inscrição dos trabalhadores era obrigatória nas corporações. Uma poderosa máquina de propaganda apoiada nos modernos audiovisuais (rádio e cinema) e dirigida por ministérios promoveu os ideais do regime e padronizou toda a cultura. Uma férrea censura e a repressão policial exercida com violência pelas milícias armadas e pela polícia política (OVRA – Itália, Gestapo, SS e SA- Alemanha), sustentam a ditadura e eliminaram a oposição.

Particularidades dos regimes fascistas e nazi

A principal particularidade do fascismo italiano reside no corporativismo , sistema socioeconómico que preconiza a intervenção do Estado na construção de corpos profissionais compostos por patrões e trabalhadores – corporações. Este sistema é antimarxista e antiliberal e permite o controlo do Estado na vida económica e social.
Através das Leis das Corporações (1926), constituiu-se um sindicato patronal, um sindicato operário, proibiu-se a greve e o lock-out. Em 1934, organizaram-se corporações mistas de patrões e de empregados que estavam representados na Câmara Corporativa que substituía a Câmara dos Deputados.
Por sua vez, o nazismo aproveita a ideologia fascista a rejeição da igualdade entre os homens e leva-a até às últimas consequências. Concebia a História como uma luta entre as raças, de onde se destacava a raça superior – a ariana, os alemães, que pelas suas características deveriam dominar o Mundo, mesmo à custa da submissão dos povos ditos inferiores (judeus e eslavos).
O racismo nacional-socialista pretendia a expansão e afirmação da raça ariana, levando-a a utilizar os seguintes métodos:

1. O apuramento físico e mental da ariana através do eugenismo, aplicando as leis da genética à reprodução humana de modo a obter uma elite. Eram esterilizados os deficientes mentais e eliminavam-se os doentes incuráveis e os velhos na câmara de gás, enquanto se fomentava o casamento e a natalidade entre os verdadeiros arianos.

2. A preservação da raça ariana: perseguindo os judeus (anti-semitismo) , “povo de parasitas e destruidores de cultura”, no dizer de Hitler, que viviam na Alemanha. A perseguição começou com as leis de Nuremberga (1935), que proibiam os casamentos mistos e privavam este povo da nacionalidade alemã. Em 1938, Hitler confiscou as empresas e bens judaicos, proibiu a frequência de judeus em lugares públicos, remetendo-os para os guetos. Um ano depois, iniciada a Segunda Guerra Mundial, pôs em marcha a sua “solução final”, isto é, o genocídio de milhões de judeus e eslavos.

3. O militarismo, que está subjacente à necessidade de conquistar uma grande Alemanha, um “espaço vital” capaz de conferir grandeza ao povo alemão e de o ajudar a recuperar a sua economia (crise de 1929) e absorver o desemprego. Desrespeitando todos os tratados, o nazismo empreende uma política de remilitarização da Alemanha e anexa a Áustria (1938), ocupa a Checoslováquia (1939), para defender minorias alemãs, invade a Polónia (Setembro de 1939), iniciando a II Guerra Mundial.

O modelo soviético na era estalinista

Desenvolvimento económico


Após a morte de Lenine em 1924, Estaline toma as rédeas do poder na URSS, depois de afastar Trotsky e outros adversários políticos. Suspende em 1938 a NEP e retoma o reino do socialismo, adoptando um modelo de desenvolvimento económico centrado:

1. Na colectivização dos meios de produção, que implica a nacionalização das terras, minas, fábricas, meios de transporte, empresas e onde a propriedade privada foi abolida;
2. Planificação da economia, que cria planos económicos traçados pelo Estado, imperativos e com objectivos a atingir pelos sectores de produção durante o período de 5 anos – Planos Quinquenais.

Deste modo os campos agrícolas foram reorganizados em cooperativas de exploração – os Kolkozes -, cultivados em comum pelos camponeses da mesma aldeia, e os Sovkozes, propriedades estatais, exploradas por camponeses assalariados.
Õ comércio foi organizado em cooperativas de consumo e armazéns estatais e a industrialização a primeira meta a atingir.

O primeiro plano (primeiros 5 anos – 1928/1933), privilegiava a industria pesada, os transportes, a produção agrícola produtora de matérias-primas. O segundo plano (1933/38) deu prioridade à indústria têxtil, alimentar, à criação de gado com o objectivo de proporcionar à população melhor qualidade de vida. O terceiro plano (1938/45) estava dirigido para as indústrias químicas e produção energética, mas foi interrompido pela Segunda Guerra Mundial.

A concretização destes planos reveste grandes dificuldades, quer por falta de equipamentos técnicos e recursos financeiros, quer pela própria resistência da população. Por isso o Estado impôs métodos eficientes e persuasivos, tais como:

• Deslocações maciças de populações para as zonas de maior carência de mão-de-obra;
• Incentivo ao incremento de produção através da emulação, propaganda, prémios, diferenciação de salários;
• Medidas coercivas como o estabelecimento de brigadas de choque e a institucionalização da caderneta de operário e passaporte interno.

Os resultados foram espectaculares se tivermos em conta que em 1940 a URSS é a terceira potência mais industrializada do Mundo, embora com sacrifícios enormes para a população.


Totalitarismo repressivo do Estado e a burocratização do partido

Desde o início do governo de Estaline que se torna claro o aspecto totalitário do regime. O Estado é açambarcado pelo Partido Comunista numa confusão propositada, comum a todos os Estados totalitários. Em vez de ser o árbitro, como nos Estados liberais, o Estado fica dominado pelo PC, que se considera o único que defende os interesses do proletariado.
Serve-se de uma forte burocracia, onde tudo está submetido ao Partido e à sua política numa estreita hierarquização, que dá lugar a uma casta geradora de fortes diferenças sociais – a nomenclatura. Camponeses e operários, apesar dos progressos na instrução, na saúde e na assistência, tinham um reduzido poder de compra em comparação com os quadros políticos e intelectuais do PC.

A Constituição de 1936 definiu a URSS como um Estado Socialista, federal e garantiu os direitos fundamentais dos cidadãos como o sufrágio universal., liberdade de imprensa e outros, mas, na prática, o PC como “núcleo dirigente de todas as organizações do Estado controlava tudo, incluindo o ensino, a ciência, a literatura e as artes.

Estaline promoveu o culto da personalidade e instaurou um regime de terror, de violência totalitária, recorrendo a “campos de trabalho”, que forneciam mão-de-obra gratuita para as grandes obras nacionais, às purgas, às deportações e desterros, à polícia política.


A Resistência das Democracias e as Medidas de Resposta à Crise

A resposta à crise


As dificuldades económicas e nomeadamente a crise de 1929, abalaram os sistemas democráticos mais frágeis e generalizaram uma vaga de regimes autoritários e totalitários. Contudo, as velhas democracias, francesa e britânica, sobrevivem à crise económica e encontram juntamente com os EUA um meio de salvar o liberalismo através do intervencionismo do Estado.
A procura de consensos políticos: os governos de unidade nacional; as Frentes Populares; as medidas sociais em Inglaterra e França.
A resistência da democracia francesa passou pela constituição de um governo de Frente Popular ; coligação de esquerda que alcançou o poder em 1936, chefiado por Léon Blum.
Para resolver os problemas económicos, adoptou um conjunto de medidas, tais como:

• Nacionalização das industrias ligadas ao armamento;
• Aumento dos salários;
• Férias pagas (15 dias);
• Redução da semana de trabalho para 40 horas;
• Desvalorização do franco francês em cerca de 20%;
• Implementação de obras públicas;
• Estado tem um papel de mediador entre os trabalhadores e os patrões, assim como o de interferir na economia do país.
• Outro governo de Frente Popular subiu ao poder em Espanha (1936) mas arrastou o país para a guerra civil.
• Em Inglaterra, com objectivo de ultrapassar a crise, formaram-se governos de União Nacional, resultantes da coligação de partidos trabalhadores, liberais e conservadores.
• Este Governo legislou para:
• Proteger a Segurança Social, concedendo férias pagas, subsídios de desemprego, viuvez, orfandade e velhice, e promoveu a habitação social;
• Em matéria económica reorganizou a indústria, modernizou equipamentos, protegeu a produção nacional e a sua ligação com a Commonwealth e desenvolveu as obras públicas.

O Intervencionismo do Estado: O New Deal

1ª Fase (1933/34)
New Deal: programa lançado por Roosevelt (1933) baseado nas teorias intervencionistas de John Keynes,
Numa primeira fase o New Deal propõe-se relançar a economia e lutar contra o desemprego e a miséria através de:

• Medidas financeiras rigorosas: que controlavam as instituições bancárias, estabeleciam sanções para os especuladores e fomentavam uma inflação controlada;
• Política de obras públicas: parta combater o desemprego, através da construção de estradas, barragens, aeroportos, vias-férreas, escolas…
• Protecção à indústria: através da fixação de preços e quotas de produção, garantindo o salário mínimo e a liberdade sindical;
• Protecção à agricultura: através de empréstimos bonificados e indemnizações que compensassem a redução das áreas cultivadas.


2ª Fase (1935/38):

• Este segundo New Deal teve um carácter vincadamente social, assumindo-se os ideais do Estado Providência (Wellfare State), o Estado intervém e promove a segurança social de modo a garantir o bem-estar e a felicidade dos cidadãos, mediante as reformas de velhice e invalidez, a criação de fundos de desemprego, do estabelecimento de salários mínimos, de férias pagas e semana de 44 horas.


A Aliança Internacional das forças democráticas na luta contra o imperialismo do Eixo

Em 1940 a Itália, a Alemanha e o Japão assinaram uma aliança militar – O Eixo. Perante a impassividade da Sociedade das Nações:
• O Japão invade a Manchúria (1931);
• A Itália a Abissínia (1935);
• A Alemanha remilitariza a Renânia (1936);
• A Itália e a Alemanha participam na Guerra Civil Espanhola;
• Em 1938 a Alemanha anexa a Áustria; a Boémia e a Morávia;
• Em 1939 estabelece com a URSS um Pacto de Não-Agressão Germano-Soviético que pretendia partilhar a Polónia entre os dois países;
• Em 1939 a Alemanha invade a Polónia e é só nesta altura que a Inglaterra e a França declaram guerra ao Eixo. Iniciava-se a II Guerra Mundial com a adesão posterior da URSS e dos EUA.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Especial 20 anos da Queda do Muro de Berlim

Não podia deixar passar um acontecimento desta importância na História do século XX, sem lhe prestar uma pequena mas digna homenagem. O século XX tem o poder da imagem gravada no momento histórico. O ano de 1989 foi, sem dúvida para muitos, inesquecível, e as memórias boas devem ser recordadas e partilhadas com as novas gerações, para que o produto do trabalho e do sacrifício sirvam de exemplo e de valor para a construção de um Futuro melhor.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

sábado, 24 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ficha nº1 de Verificação de Conhecimentos


Esta ficha é de revisão da matéria dada para o seu primeiro teste sumativo. Resolva-a atentamente e tire as suas dúvidas na aula de revisões.

Objectivos para o teste:
• Compreender o corte que se opera na mentalidade confiante e racionalista da sociedade burguesa no início do século XX;
• Reconhecer a emergência do relativismo científico e a influência da psicanálise e a ruptura com os cânones clássicos da arte europeia;
• Avaliar o impacto exercido pelo modelo soviético nos movimentos sociais;
• Compreender os condicionalismos que em Portugal, conduziram à falência do projecto político e social da I República.

Conceitos Inflação, Marxismo/Leninismo, Soviete, Ditadura do Proletariado, Comunismo, Centralismo Democrático, Anomia Social, Feminismo, Relativismo, Psicanálise, Modernismo, Vanguarda Cultural, Cubismo, Surrealismo.
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I. As Transformações das Primeiras Décadas do Século XX

1. Analise as transformações políticas ocorridas após a I Guerra Mundial.
2. Avalie o papel desempenhado pela SDN.
3. Explique a forte dependência da Europa em relação aos EUA no termo da I Guerra Mundial.
4. Descreva as condições sociais, políticas e económicas que determinaram a Revolução russa de Fevereiro de 1917.
5. Distinga a Revolução de Outubro da Revolução de Fevereiro.
6. Relacione os decretos revolucionários bolcheviques com a instauração da democracia dos sovietes.
7. Mostre que o “comunismo de guerra” permitiu instaurar a ditadura do proletariado.
8. Caracterize as medidas da NEP.
9. Contraponha o espírito confiante e racionalista do fim do século XIX ao clima de incerteza e pessimismo das primeiras décadas do século XX.
10. Equacione as principais transformações na sociabilidade e nos costumes.
11. Reconheça a emergência do relativismo científico, a influência da psicanálise e a revolução artística como três importantes vectores da mudança cultural.
12. Saliente a novidade das propostas estéticas do Cubismo e do Surrealismo.
13. Relacione a situação económica, social e política de Portugal no pós-guerra, com a falência da I República.


Bom Trabalho

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Construção do modelo soviético e o seu impacto no mundo


Da democracia dos sovietes ao centralismo democrático
Do governo do czar à Revolução de Fevereiro


A Rússia, no início do século XX, era constituída por um imenso território que abrangia culturas diferentes. Era governada por um regime autocrático do Czar Nicolau II, que se apoiava nas forças conservadoras do exército, da nobreza latifundiária e na Igreja, para exercer o seu poder.
Socialmente era uma sociedade de ordens, onde o clero e a nobreza detinham a maior parte da propriedade e dos cargos públicos e a grande maioria da população de camponeses vivia miseravelmente. A burguesia era pouco numerosa, devido à escassa industrialização, e crescia o número de operários paupérrimos.

Economicamente, predominava a agricultura tecnicamente atrasada e pouco rentável. A indústria concentrada nas regiões de Sampetersburgo, Moscovo e Odessa, era pouco desenvolvida e, sobretudo, dependente de capitais estrangeiros, o mesmo acontecendo ao comércio.

Estes factores, aliados ao descontentamento pela derrota da Rússia na guerra contra o Japão (1904-05), conduziram a uma tentativa de revolução contra o Czar que se viu obrigado a criar uma assembleia nacional – a Duma – e a permitir a formação de partidos políticos.

Estas medidas liberalizantes foram desrespeitadas pela governação autoritária do czar que restringiu direitos e abafou reivindicações. A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial agravou esta situação e as derrotas sofridas, a mobilização dos soldados, a inflação, a carestia dos géneros de primeira necessidade, a fome a as baixas militares fizeram crescer uma onda de agitação social desorganizada e incontrolável por todo o império.

Da revolução burguesa à revolução socialista

Devido a todos estes motivos, explodiu em Fevereiro de 1917 em Petrogrado uma revolução apoiada pelas tropas do czar, que derrubou o regime autocrático de Nicolau II. O governo foi entregue a um Governo Provisório que instituiu um regime liberal burguês, semelhante às democracias ocidentais, liderado por Kerenski e Lvov.
Paralelamente formaram-se sovietes , assembleias populares com atribuições políticas, económicas e outras constituídas por operários, soldados e camponeses.
Existe, assim, uma espécie de regime duplo com objectivos diferentes:
• Governo Provisório pretende uma democracia parlamentar, laica e com medidas tendentes a minimizar os desníveis sociais;
• Os sovietes, controlados por bolcheviques, pretendiam a paz imediata, liberdade para as nacionalidades e a reorganização de todos os meios de produção.

Esta dupla governação conduz ao caos económico, social e político agravado pela participação na 1ª G.M.. Os bolcheviques da ala esquerda e radical do Partido Social-Democrata russo enviam os guardas vermelhos, sob orientação de Lenine, e tomam o poder derrubando o Governo Provisório sem derramamento de sangue. Foi a Revolução de Outubro de 1917 que instaurou na Rússia a Ditadura do Proletariado , celebrou o Tratado de Paz e consagrou o triunfo dos bolcheviques.


1917-1924: o triunfo dos bolcheviques e a implantação do marxismo-leninismo.

Tomado o poder pelos bolcheviques, Lenine, que presidia ao novo Governo, teve de adaptar o socialismo marxista às circunstâncias históricas que a Rússia então vivia. A sua base social de apoio será os assalariados agrícolas (dado o reduzido número do proletariado urbano), reforçará o centralismo do Estado e servir-se à dele para reprimir as facções contrárias ao regime. Estavam definidas as linhas doutrinárias do marxismo-leninismo .

1ª Etapa – O Comunismo de Guerra (1917-21)

A instauração do novo regime não foi pacífica e contou com a oposição de forças internas (os russos brancos), e das forças internacionais (franceses, ingleses, japoneses, EUA). Entre 1918 e 1921 desencadeou-se uma sangrenta guerra civil que ajudou Lenine a alicerçar um poder forte e implementar medidas conhecidas como comunismo de guerra. Assim:

• Expropriou as grandes propriedades, sem indemnização;
• Nacionalizou todas as empresas industriais com mais de 10 operários;
• Requisitou as colheitas agrícolas, sendo os camponeses obrigados a vender os excedentes ao Estado, a preços fixos;
• Nacionalizou a banca e o comércio externo;
• Outorgou a Carta das Nações Russas, onde era reconhecida a igualdade e a soberania dos diferentes povos da Rússia;
• Promulgou a Primeira Constituição da Revolução (1918), onde reconhece o Estado Russo como federalista e multinacional;
• Extinguiu os partidos políticos e instituiu um partido único – o Partido Bolchevista – Comunista e o centralismo democrático;
• Instituiu a polícia política (Tcheca) e a censura;
• Incentivou a 3ª Internacional e a formação do Komitern (união de todos os partidos comunistas num organismo internacional;

O comunismo de guerra enfrentou grandes resistências, sobretudo por parte dos agricultores que se recusavam a entregar as colheitas ao Estado e produziam o necessário para o consumo próprio, destruindo colheitas, equipamento e alfaias. A produção industrial baixou, também, dramaticamente, instalando-se a fome e o descontentamento que fazia perigar o regime.


2ª Etapa: A N. E. P. (Nova Política Económica), 1921-28


Face à gravíssima situação em que a Rússia se encontrava, Lenine empreende um recuo estratégico, empreendendo um retorno momentâneo e limitado à economia capitalista.
A NEP estabelece:

• A exploração privada das terras, a supressão da requisição das colheitas e a venda dos excedentes pelos camponeses;
• A liberdade de indústria a fábricas com menos de 20 operários;
• A liberdade de comércio interno;
• A entrada de capitais e técnicos estrangeiros.

Contudo, o Estado continuava a controlar sectores-chave da economia como a grande indústria, a Banca e o comércio externo.
Entretanto em 1922 a Rússia passa a ser um Estado federal com a designação de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS.
A aplicação da NEP permitiu a recuperação económica no sector agrícola e industrial, mas a liberalização da economia e a livre iniciativa conduziu ao enriquecimento dos kulaks (burguesia rural) e dos nepmen (homens de negócios, industriais e comerciantes). Assim, surgiu o risco de estabelecimento de uma sociedade de classes que se opunha ao ideário marxista-leninista.

domingo, 18 de outubro de 2009

Portugal no Primeiro Pós-Guerra



Características do Regime Republicano

A Constituição de 1911 consagrava:

• O Estado laico – igualdade de todos os cultos, expulsão das ordens religiosas, racionalização dos bens da Igreja, proibição do ensino religioso nas escolas públicas, determinação do casamento e do divórcio civil e a obrigatoriedade do registo civil.
• A igualdade de direitos e garantias individuais, abolindo os títulos nobiliárquicos, as ordens honoríficas e garantindo o direito à resistência, embora do direito de voto estejam excluídas as mulheres, os analfabetos e os militares no activo.
• Uma república parlamentar em que o poder legislativo estava entregue ao Congresso composto por duas câmaras (Senado e Deputados), o poder executivo ao Presidente da República e Ministério (governo), que eram responsáveis politicamente perante o Congresso, e o poder judicial aos tribunais.

A legislação social da 1ª República

1. Família: instituiu o casamento e o divórcio civil, promovendo a igualdade de direitos dos dois cônjuges e protegendo os direitos dos filhos nos casos de legitimidade, ilegitimidade e adopção;

2. Trabalho e assistência: decretando a semana obrigatória de seis dias, a Lei Reguladora do Horário de Trabalho (8 a 10 horas), a obrigatoriedade do seguro social para acidentes de trabalho, doença e velhice, a criação do Ministério do Trabalho e Providência Social. O Governo Provisório, ao estipular o direito à greve embora não consagrado na Constituição, permitiu o desenvolvimento do movimento operário contra os interesses do patronato. Parar combater a mendicidade foi criado um Fundo Nacional de Assistência.

3. Educação: lançando as bases do ensino pré – primário, instituindo o ensino obrigatório e gratuito de 4 anos para ambos os sexos e criando escolas móveis para ensino de adultos no sentido de diminuir o analfabetismo (75% da pop. Portuguesa), criando as Escolas Normais para a formação de professores, Escolas Técnicas e Agrícolas, Ensino Superior com a criação de duas novas universidades, de Lisboa e Porto, bem como o Instituto Superior Técnico, Agronomia e Veterinária, promovendo o ensino gratuito para todas as idades nas universidades livres e populares e criando museus e bibliotecas nas capitais de distrito.



Dificuldades e queda da 1ª República

• Partido Republicano divide-se em várias forças partidárias que concorrem para a queda dos governos, já que estes não obtêm a maioria parlamentar. Entre 1910 e 1926, houve 45 governos, 9 eleições legislativas e 8 presidenciais, que provocaram uma instabilidade legislativa. Acrescente-se que a Igreja e os notáveis descontentes com a legislação republicana se unem num movimento conservador, o Integralismo Lusitano, que estará na base de golpes contra-revolucionários (monarquia do Norte, sidonismo, golpe de estado de 1926).

• A alta burguesia mostra-se descontente com as medidas laborais e sociais, que considera demasiado progressistas, enquanto que os operários as acham inoperantes. A pequena e média burguesia perde o poder de compra face às dificuldades económicas que o país atravessa.

• A agricultura continua deficitária e sem grande mecanização, a industria é lenta e praticamente igual à dos tempos da monarquia, o comércio é deficitário. A participação de Portugal na Grande Guerra agrava esta conjuntura, aumentando o défice da nossa balança de pagamentos, a desvalorização da moeda, a carestia dos produtos e a diminuição do poder de compra das classes trabalhadoras. Estavam criadas todas as condições de agitação social e de inoperãncia política que vão conduzir ao golpe de Estado de 1926.

sábado, 17 de outubro de 2009

O Expressionismo Alemão


Mutações nos Comportamentos e na Cultura

Transformações na Vida e na Cultura

Nas vésperas da Primeira Guerra Mundial havia, na Europa, cerca de 180 aglomerados urbanos. Sendo esta a primeira vez na história que a população urbana ultrapassa a população rural, já no mundo industrializado.
Esta urbanização compacta, que continuou a aumentar, provocou grandes alterações na vida e nos valores tradicionais da civilização ocidental


I - Uma nova Sociabilidade

As populações que vêm para as cidades vêem-se obrigadas a abandonar o seu antigo estilo de vida, acabando assim por adquirir novas formas de sociabilidade.
A vida despersonaliza-se, visto que segue um modelo estandardizado, isto é, a maioria das pessoas levanta-se à mesma hora para ir trabalhar, faz as mesmas coisas a que os comportamentos tal como os objectos sejam estandardizados (normas, padrões, práticas), tornando as pessoas indiferenciadas, reagindo sob a pressão que o colectivo (sociedade de consumo) exerce sobre elas.
Há um crescimento da classe média, as pessoas passam a trabalhar menos horas e o nível de vida aumenta, proporcionando uma nova cultura do ócio, que a cidade facilita, oferecendo muitas distracções, nomeadamente, clubes nocturnos, cafés, esplanadas, cinemas, salões de bailes, recintos desportivos, etc. Todos estes factores contribuíram para que as pessoas passassem a ter mais tempo e dinheiro para o divertimento e prazer.
Abriu-se um novo ciclo de solidariedade humana e conveniência entre sexos, de modo mais ousado e livre, que rompeu com todas as regras sociais impostas até aqui. O ritmo de vida acelerou e cada vez mais as pessoas começaram a ficar fãs da acção, desporto, velocidade e uso do automóvel.

II – A Mudança dos Valores Tradicionais

A superioridade da civilização ocidental dava aos Europeus e Americanos a certeza de que viviam numa época de prosperidade que era apoiada em valores sólidos e grandes realizações tecnológicas, caminhando, assim, na vereda do progresso.
Entre 1914 e 1918 todas as certezas e esperanças abateram-se. A violência da Primeira Guerra Mundial fez com que morressem milhões de soldados no meio de uma grande carnificina, acabando por derrubar valores morais e espirituais, e toda a estrutura social que tinha sustentado a burguesia no século XIX. A miséria tomou conta das outrora mais célebres e activas cidades europeias.
A descrença e o pessimismo ocuparam a mente das pessoas, tanto a das intelectuais como a das mais comuns. Deu-se uma profunda crise de consciência que atinge todos os sectores da vida: na religião, na moral sexual, na família, no casamento, no papel da mulher, etc. As regras de conduta social deixaram de ter um padrão rígido e foram abertas e sistematicamente destruídas. Trata-se de uma anomia social, isto é, ausência de normas morais e sociais, que, com clareza, distinguissem o certo do errado.
Todos estes factores contribuíram para que muitas mudanças fossem concretizadas nas grandes cidades, nomeadamente, aquela que mais impacto teve foi a emancipação feminina.

III – A Emancipação da Mulher

O novo papel que a mulher vai ocupar na sociedade é resultado de todas as modificações que se deram no pós-guerra. Nos loucos anos 20 houve imensas transformações no modo de pensar e agir das mulheres. As jovens passaram a usar o cabelo cortado à rapaz (à garçonne), ajustaram as saias ao corpo e subiram-nas até ao joelho, começaram a fazer vida nocturna, etc. No entanto estas foram as mudanças radicais e mais escandalosas na conduta da mulher do século XX.
O movimento feminista (luta levada a cabo pelas mulheres com vista a obter a igualdade de direitos para ambos os sexos, aos níveis jurídico, intelectual, social, político e económico) organizado remonta ao século XIX. Este movimento começa por reivindicar certos direitos das mulheres casadas: propriedade dos bens, à tutela dos filhos, acesso à educação, ou seja, reconhecimento social para a mulher sair do papel secundário que sempre tivera na sociedade. Nos finais do século XIX a mulher lutou pelo direito na participação política, através do voto. Surgem, então, as sufragistas (defensoras da extensão do voto às mulheres). Na Europa, destacam-se nomes como Emmeline Pankhurst, em Inglaterra, onde as sufragistas chamaram a atenção do grande público através de variadas acções de rua, na imprensa, manifestações e greves de fome.
Em Portugal fundou-se a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, em 1909, e em 1911, a Associação de Propaganda Feminista, com os mesmos objectivos das demais organizações de mulheres Europeias, salientando-se nomes como Ana Castro Osório e Carolina Beatriz Ângelo, entre outras.
O feminismo usou várias formas de chamar a atenção, através da moda e do vestuário, valorizando o corpo e a aparência: novos cortes, tecidos mais leves, saias mais curtas, substituição do espartilho pelo soutien, etc. Tudo aquilo que fugisse ao tradicionalismo servia para chamar a atenção, no entanto, até à Primeira Guerra Mundial as mulheres e o movimento feminista foram censurados e menosprezados pelos poderes políticos e pela própria sociedade, maioritariamente conservadora. Após a grande guerra, e depois de as mulheres mostrarem o que valiam, isto é, no decorrer da guerra as mulheres foram capazes de substituir os homens em quase todas as tarefas – sustento da família, trabalho nas fábricas, reparações eléctricas, transporte de objectos pesados, tarefas agrícolas e até na frente das batalhas, como enfermeiras. Esta situação veio valorizar a mulher socialmente e reforçou a sua autoconfiança. Nas décadas posteriores ao final do conflito, na maior parte dos países ocidentais, as mulheres obtiveram o direito à intervenção política (ver anexos), fortaleceram a sua posição jurídica na família e viram aberto o acesso a carreiras profissionais prestigiadas.
Embora hoje em dia, existam ainda algumas resistências, o movimento feminista do início do século derrubou as principais barreiras e abriu à mulher uma nova etapa da sua história.


A Descrença no Pensamento Positivista e as Novas Concepções Científicas

No século XIX, o positivismo defendia que o racionalismo e a ciência detinham a capacidade de responder a todos os mistérios do universo. Contudo, no século XX, isto muda.
O filósofo Henri Bergson defendia que existem realidades que não podiam ser limitadas às leis físicas ou matemáticas. Para um conhecimento mais profundo o racionalismo deve fazer-se acompanhar da intuição. Esta era algo diferente da inteligência e mais próxima do instinto que nos revela aquilo que não é aparente, ao contrário da via racional que nos mostra as coisas “por fora”. Assim, tanto o transcendente como a imagem de Deus foram revalorizados.
O Relativismo
A descoberta de que o átomo não era a unidade mais pequena da natureza, permitiu à Física abrir uma nova área de estudos denominada microfísica. Max Planck foi um pioneiro desta área, mostrando que, contrariamente ao que se pensava, as trocas de energia não acontecem num fluxo suave e constante, mas em pequenas quantidades individuais (às quais Planck chamou quantum) que se movem numa velocidade incrível, em saltos bruscos e descontínuos.
A teoria quântica permitiu então um grande avanço na microfísica pois revelou o comportamento dos átomos e dos seus constituintes, revelando que o mundo não tem regras fixas e não é possível prever com toda a certeza acontecimentos futuros ou mesmo perceber claramente o que está a acontecer no presente.
Contudo, foi Albert Einstein que protagonizou a maior revolução na ciência no início do século, ao destruir as bases mais sólidas da Física, negando o carácter absoluto de tempo e espaço.
Einstein defendia que o tempo é uma variável que decorre mais depressa ou devagar conforme a velocidade dos corpos. Esta teoria foi enunciada em 1905 e acabada em 1916 na obra Teoria da Relatividade Generalizada.
As teorias de Planck e Einstein abalaram então a comunidade científica que se viu obrigada a reconhecer que o Universo era mais instável do que se pensava e que a verdade científica não era assim tão universal.
Abriu-se então uma nova concepção científica – o relativismo – que rejeitou o determinismo racionalista baseado na ordem e aceitou o mistério e a probabilidade como partes integrantes do conhecimento.

As Concepções Psicanalíticas

Também a concepção de que o Homem possui uma mente completamente racional foi abalada pelos estudos do médico austríaco Sigmund Freud. Este era um interessado nos estudos dos neurologistas Jean Charcot e Josef Breuer que tinham em comum o facto de utilizarem a hipnose para curar sintomas neurasténicos.
Freud compreendeu então que sob hipnose os pacientes se recordavam de coisas que se julgavam esquecidas. Esta constatação revelou assim a existência de uma parte da mente humana mais obscura que nós não controlamos mas que se manifesta no comportamento – o inconsciente. Foi com base nesta conclusão que Freud elaborou os princípios a que depois veio a chamar psicanálise.
Segundo a psicanálise a mente humana divide-se em três partes diferentes: o consciente, o subconsciente e o inconsciente.
O consciente é uma pequena parte da mente que se assemelha à “extremidade visível do iceberg”, contrariamente ao inconsciente que é uma camada maior, mais profunda e mais obscura. Entre estas duas encontra-se o subconsciente, constituído por alguns elementos psíquicos que podem passar ao consciente com facilidade que pode portanto ser considerado como um “filtro” entre as outras duas partes já referidas.
Influenciado pela moral, o indivíduo bloqueia factos que o envergonham e culpabilizam tendencialmente, aprisionando-os no inconsciente onde ficam aparentemente esquecidos.
Contudo, estes pensamentos reprimidos podem afluir à consciência em lapsos, esquecimentos súbitos, pequenos gestos inconscientes ou, numa forma mais grave, distúrbios psíquicos aos quais Freud chamou neuroses.
Para além da teoria revolucionária sobre o psiquismo, a psicanálise inclui também um tratamento das neuroses que consiste em trazer ao de cima os traumas que lhes deram origem, racionaliza-los e aceitá-los. Este tratamento baseia-se maioritariamente em num método em que o paciente deixa fluir livremente as ideias que tem na mente e também na análise dos sonhos que Freud considerava a “via régia de acesso ao inconsciente”.
No princípio do século XX, as concepções psicanalíticas chegaram a conhecimento do público geral onde foram recebidas entusiasticamente. A descoberta do lado irracional da mente humana afectou assim os comportamentos em sociedade, levando à quebra das convenções sociais que marcou os anos 20.
O impacto da psicanálise chegou ainda ao mundo da arte, originando o movimento surrealista que teve uma forte expressão no panorama cultural na primeira metade do século.

O Modernismo