quarta-feira, 28 de outubro de 2009

sábado, 24 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ficha nº1 de Verificação de Conhecimentos


Esta ficha é de revisão da matéria dada para o seu primeiro teste sumativo. Resolva-a atentamente e tire as suas dúvidas na aula de revisões.

Objectivos para o teste:
• Compreender o corte que se opera na mentalidade confiante e racionalista da sociedade burguesa no início do século XX;
• Reconhecer a emergência do relativismo científico e a influência da psicanálise e a ruptura com os cânones clássicos da arte europeia;
• Avaliar o impacto exercido pelo modelo soviético nos movimentos sociais;
• Compreender os condicionalismos que em Portugal, conduziram à falência do projecto político e social da I República.

Conceitos Inflação, Marxismo/Leninismo, Soviete, Ditadura do Proletariado, Comunismo, Centralismo Democrático, Anomia Social, Feminismo, Relativismo, Psicanálise, Modernismo, Vanguarda Cultural, Cubismo, Surrealismo.
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I. As Transformações das Primeiras Décadas do Século XX

1. Analise as transformações políticas ocorridas após a I Guerra Mundial.
2. Avalie o papel desempenhado pela SDN.
3. Explique a forte dependência da Europa em relação aos EUA no termo da I Guerra Mundial.
4. Descreva as condições sociais, políticas e económicas que determinaram a Revolução russa de Fevereiro de 1917.
5. Distinga a Revolução de Outubro da Revolução de Fevereiro.
6. Relacione os decretos revolucionários bolcheviques com a instauração da democracia dos sovietes.
7. Mostre que o “comunismo de guerra” permitiu instaurar a ditadura do proletariado.
8. Caracterize as medidas da NEP.
9. Contraponha o espírito confiante e racionalista do fim do século XIX ao clima de incerteza e pessimismo das primeiras décadas do século XX.
10. Equacione as principais transformações na sociabilidade e nos costumes.
11. Reconheça a emergência do relativismo científico, a influência da psicanálise e a revolução artística como três importantes vectores da mudança cultural.
12. Saliente a novidade das propostas estéticas do Cubismo e do Surrealismo.
13. Relacione a situação económica, social e política de Portugal no pós-guerra, com a falência da I República.


Bom Trabalho

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Construção do modelo soviético e o seu impacto no mundo


Da democracia dos sovietes ao centralismo democrático
Do governo do czar à Revolução de Fevereiro


A Rússia, no início do século XX, era constituída por um imenso território que abrangia culturas diferentes. Era governada por um regime autocrático do Czar Nicolau II, que se apoiava nas forças conservadoras do exército, da nobreza latifundiária e na Igreja, para exercer o seu poder.
Socialmente era uma sociedade de ordens, onde o clero e a nobreza detinham a maior parte da propriedade e dos cargos públicos e a grande maioria da população de camponeses vivia miseravelmente. A burguesia era pouco numerosa, devido à escassa industrialização, e crescia o número de operários paupérrimos.

Economicamente, predominava a agricultura tecnicamente atrasada e pouco rentável. A indústria concentrada nas regiões de Sampetersburgo, Moscovo e Odessa, era pouco desenvolvida e, sobretudo, dependente de capitais estrangeiros, o mesmo acontecendo ao comércio.

Estes factores, aliados ao descontentamento pela derrota da Rússia na guerra contra o Japão (1904-05), conduziram a uma tentativa de revolução contra o Czar que se viu obrigado a criar uma assembleia nacional – a Duma – e a permitir a formação de partidos políticos.

Estas medidas liberalizantes foram desrespeitadas pela governação autoritária do czar que restringiu direitos e abafou reivindicações. A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial agravou esta situação e as derrotas sofridas, a mobilização dos soldados, a inflação, a carestia dos géneros de primeira necessidade, a fome a as baixas militares fizeram crescer uma onda de agitação social desorganizada e incontrolável por todo o império.

Da revolução burguesa à revolução socialista

Devido a todos estes motivos, explodiu em Fevereiro de 1917 em Petrogrado uma revolução apoiada pelas tropas do czar, que derrubou o regime autocrático de Nicolau II. O governo foi entregue a um Governo Provisório que instituiu um regime liberal burguês, semelhante às democracias ocidentais, liderado por Kerenski e Lvov.
Paralelamente formaram-se sovietes , assembleias populares com atribuições políticas, económicas e outras constituídas por operários, soldados e camponeses.
Existe, assim, uma espécie de regime duplo com objectivos diferentes:
• Governo Provisório pretende uma democracia parlamentar, laica e com medidas tendentes a minimizar os desníveis sociais;
• Os sovietes, controlados por bolcheviques, pretendiam a paz imediata, liberdade para as nacionalidades e a reorganização de todos os meios de produção.

Esta dupla governação conduz ao caos económico, social e político agravado pela participação na 1ª G.M.. Os bolcheviques da ala esquerda e radical do Partido Social-Democrata russo enviam os guardas vermelhos, sob orientação de Lenine, e tomam o poder derrubando o Governo Provisório sem derramamento de sangue. Foi a Revolução de Outubro de 1917 que instaurou na Rússia a Ditadura do Proletariado , celebrou o Tratado de Paz e consagrou o triunfo dos bolcheviques.


1917-1924: o triunfo dos bolcheviques e a implantação do marxismo-leninismo.

Tomado o poder pelos bolcheviques, Lenine, que presidia ao novo Governo, teve de adaptar o socialismo marxista às circunstâncias históricas que a Rússia então vivia. A sua base social de apoio será os assalariados agrícolas (dado o reduzido número do proletariado urbano), reforçará o centralismo do Estado e servir-se à dele para reprimir as facções contrárias ao regime. Estavam definidas as linhas doutrinárias do marxismo-leninismo .

1ª Etapa – O Comunismo de Guerra (1917-21)

A instauração do novo regime não foi pacífica e contou com a oposição de forças internas (os russos brancos), e das forças internacionais (franceses, ingleses, japoneses, EUA). Entre 1918 e 1921 desencadeou-se uma sangrenta guerra civil que ajudou Lenine a alicerçar um poder forte e implementar medidas conhecidas como comunismo de guerra. Assim:

• Expropriou as grandes propriedades, sem indemnização;
• Nacionalizou todas as empresas industriais com mais de 10 operários;
• Requisitou as colheitas agrícolas, sendo os camponeses obrigados a vender os excedentes ao Estado, a preços fixos;
• Nacionalizou a banca e o comércio externo;
• Outorgou a Carta das Nações Russas, onde era reconhecida a igualdade e a soberania dos diferentes povos da Rússia;
• Promulgou a Primeira Constituição da Revolução (1918), onde reconhece o Estado Russo como federalista e multinacional;
• Extinguiu os partidos políticos e instituiu um partido único – o Partido Bolchevista – Comunista e o centralismo democrático;
• Instituiu a polícia política (Tcheca) e a censura;
• Incentivou a 3ª Internacional e a formação do Komitern (união de todos os partidos comunistas num organismo internacional;

O comunismo de guerra enfrentou grandes resistências, sobretudo por parte dos agricultores que se recusavam a entregar as colheitas ao Estado e produziam o necessário para o consumo próprio, destruindo colheitas, equipamento e alfaias. A produção industrial baixou, também, dramaticamente, instalando-se a fome e o descontentamento que fazia perigar o regime.


2ª Etapa: A N. E. P. (Nova Política Económica), 1921-28


Face à gravíssima situação em que a Rússia se encontrava, Lenine empreende um recuo estratégico, empreendendo um retorno momentâneo e limitado à economia capitalista.
A NEP estabelece:

• A exploração privada das terras, a supressão da requisição das colheitas e a venda dos excedentes pelos camponeses;
• A liberdade de indústria a fábricas com menos de 20 operários;
• A liberdade de comércio interno;
• A entrada de capitais e técnicos estrangeiros.

Contudo, o Estado continuava a controlar sectores-chave da economia como a grande indústria, a Banca e o comércio externo.
Entretanto em 1922 a Rússia passa a ser um Estado federal com a designação de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS.
A aplicação da NEP permitiu a recuperação económica no sector agrícola e industrial, mas a liberalização da economia e a livre iniciativa conduziu ao enriquecimento dos kulaks (burguesia rural) e dos nepmen (homens de negócios, industriais e comerciantes). Assim, surgiu o risco de estabelecimento de uma sociedade de classes que se opunha ao ideário marxista-leninista.

domingo, 18 de outubro de 2009

Portugal no Primeiro Pós-Guerra



Características do Regime Republicano

A Constituição de 1911 consagrava:

• O Estado laico – igualdade de todos os cultos, expulsão das ordens religiosas, racionalização dos bens da Igreja, proibição do ensino religioso nas escolas públicas, determinação do casamento e do divórcio civil e a obrigatoriedade do registo civil.
• A igualdade de direitos e garantias individuais, abolindo os títulos nobiliárquicos, as ordens honoríficas e garantindo o direito à resistência, embora do direito de voto estejam excluídas as mulheres, os analfabetos e os militares no activo.
• Uma república parlamentar em que o poder legislativo estava entregue ao Congresso composto por duas câmaras (Senado e Deputados), o poder executivo ao Presidente da República e Ministério (governo), que eram responsáveis politicamente perante o Congresso, e o poder judicial aos tribunais.

A legislação social da 1ª República

1. Família: instituiu o casamento e o divórcio civil, promovendo a igualdade de direitos dos dois cônjuges e protegendo os direitos dos filhos nos casos de legitimidade, ilegitimidade e adopção;

2. Trabalho e assistência: decretando a semana obrigatória de seis dias, a Lei Reguladora do Horário de Trabalho (8 a 10 horas), a obrigatoriedade do seguro social para acidentes de trabalho, doença e velhice, a criação do Ministério do Trabalho e Providência Social. O Governo Provisório, ao estipular o direito à greve embora não consagrado na Constituição, permitiu o desenvolvimento do movimento operário contra os interesses do patronato. Parar combater a mendicidade foi criado um Fundo Nacional de Assistência.

3. Educação: lançando as bases do ensino pré – primário, instituindo o ensino obrigatório e gratuito de 4 anos para ambos os sexos e criando escolas móveis para ensino de adultos no sentido de diminuir o analfabetismo (75% da pop. Portuguesa), criando as Escolas Normais para a formação de professores, Escolas Técnicas e Agrícolas, Ensino Superior com a criação de duas novas universidades, de Lisboa e Porto, bem como o Instituto Superior Técnico, Agronomia e Veterinária, promovendo o ensino gratuito para todas as idades nas universidades livres e populares e criando museus e bibliotecas nas capitais de distrito.



Dificuldades e queda da 1ª República

• Partido Republicano divide-se em várias forças partidárias que concorrem para a queda dos governos, já que estes não obtêm a maioria parlamentar. Entre 1910 e 1926, houve 45 governos, 9 eleições legislativas e 8 presidenciais, que provocaram uma instabilidade legislativa. Acrescente-se que a Igreja e os notáveis descontentes com a legislação republicana se unem num movimento conservador, o Integralismo Lusitano, que estará na base de golpes contra-revolucionários (monarquia do Norte, sidonismo, golpe de estado de 1926).

• A alta burguesia mostra-se descontente com as medidas laborais e sociais, que considera demasiado progressistas, enquanto que os operários as acham inoperantes. A pequena e média burguesia perde o poder de compra face às dificuldades económicas que o país atravessa.

• A agricultura continua deficitária e sem grande mecanização, a industria é lenta e praticamente igual à dos tempos da monarquia, o comércio é deficitário. A participação de Portugal na Grande Guerra agrava esta conjuntura, aumentando o défice da nossa balança de pagamentos, a desvalorização da moeda, a carestia dos produtos e a diminuição do poder de compra das classes trabalhadoras. Estavam criadas todas as condições de agitação social e de inoperãncia política que vão conduzir ao golpe de Estado de 1926.

sábado, 17 de outubro de 2009

O Expressionismo Alemão


Mutações nos Comportamentos e na Cultura

Transformações na Vida e na Cultura

Nas vésperas da Primeira Guerra Mundial havia, na Europa, cerca de 180 aglomerados urbanos. Sendo esta a primeira vez na história que a população urbana ultrapassa a população rural, já no mundo industrializado.
Esta urbanização compacta, que continuou a aumentar, provocou grandes alterações na vida e nos valores tradicionais da civilização ocidental


I - Uma nova Sociabilidade

As populações que vêm para as cidades vêem-se obrigadas a abandonar o seu antigo estilo de vida, acabando assim por adquirir novas formas de sociabilidade.
A vida despersonaliza-se, visto que segue um modelo estandardizado, isto é, a maioria das pessoas levanta-se à mesma hora para ir trabalhar, faz as mesmas coisas a que os comportamentos tal como os objectos sejam estandardizados (normas, padrões, práticas), tornando as pessoas indiferenciadas, reagindo sob a pressão que o colectivo (sociedade de consumo) exerce sobre elas.
Há um crescimento da classe média, as pessoas passam a trabalhar menos horas e o nível de vida aumenta, proporcionando uma nova cultura do ócio, que a cidade facilita, oferecendo muitas distracções, nomeadamente, clubes nocturnos, cafés, esplanadas, cinemas, salões de bailes, recintos desportivos, etc. Todos estes factores contribuíram para que as pessoas passassem a ter mais tempo e dinheiro para o divertimento e prazer.
Abriu-se um novo ciclo de solidariedade humana e conveniência entre sexos, de modo mais ousado e livre, que rompeu com todas as regras sociais impostas até aqui. O ritmo de vida acelerou e cada vez mais as pessoas começaram a ficar fãs da acção, desporto, velocidade e uso do automóvel.

II – A Mudança dos Valores Tradicionais

A superioridade da civilização ocidental dava aos Europeus e Americanos a certeza de que viviam numa época de prosperidade que era apoiada em valores sólidos e grandes realizações tecnológicas, caminhando, assim, na vereda do progresso.
Entre 1914 e 1918 todas as certezas e esperanças abateram-se. A violência da Primeira Guerra Mundial fez com que morressem milhões de soldados no meio de uma grande carnificina, acabando por derrubar valores morais e espirituais, e toda a estrutura social que tinha sustentado a burguesia no século XIX. A miséria tomou conta das outrora mais célebres e activas cidades europeias.
A descrença e o pessimismo ocuparam a mente das pessoas, tanto a das intelectuais como a das mais comuns. Deu-se uma profunda crise de consciência que atinge todos os sectores da vida: na religião, na moral sexual, na família, no casamento, no papel da mulher, etc. As regras de conduta social deixaram de ter um padrão rígido e foram abertas e sistematicamente destruídas. Trata-se de uma anomia social, isto é, ausência de normas morais e sociais, que, com clareza, distinguissem o certo do errado.
Todos estes factores contribuíram para que muitas mudanças fossem concretizadas nas grandes cidades, nomeadamente, aquela que mais impacto teve foi a emancipação feminina.

III – A Emancipação da Mulher

O novo papel que a mulher vai ocupar na sociedade é resultado de todas as modificações que se deram no pós-guerra. Nos loucos anos 20 houve imensas transformações no modo de pensar e agir das mulheres. As jovens passaram a usar o cabelo cortado à rapaz (à garçonne), ajustaram as saias ao corpo e subiram-nas até ao joelho, começaram a fazer vida nocturna, etc. No entanto estas foram as mudanças radicais e mais escandalosas na conduta da mulher do século XX.
O movimento feminista (luta levada a cabo pelas mulheres com vista a obter a igualdade de direitos para ambos os sexos, aos níveis jurídico, intelectual, social, político e económico) organizado remonta ao século XIX. Este movimento começa por reivindicar certos direitos das mulheres casadas: propriedade dos bens, à tutela dos filhos, acesso à educação, ou seja, reconhecimento social para a mulher sair do papel secundário que sempre tivera na sociedade. Nos finais do século XIX a mulher lutou pelo direito na participação política, através do voto. Surgem, então, as sufragistas (defensoras da extensão do voto às mulheres). Na Europa, destacam-se nomes como Emmeline Pankhurst, em Inglaterra, onde as sufragistas chamaram a atenção do grande público através de variadas acções de rua, na imprensa, manifestações e greves de fome.
Em Portugal fundou-se a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, em 1909, e em 1911, a Associação de Propaganda Feminista, com os mesmos objectivos das demais organizações de mulheres Europeias, salientando-se nomes como Ana Castro Osório e Carolina Beatriz Ângelo, entre outras.
O feminismo usou várias formas de chamar a atenção, através da moda e do vestuário, valorizando o corpo e a aparência: novos cortes, tecidos mais leves, saias mais curtas, substituição do espartilho pelo soutien, etc. Tudo aquilo que fugisse ao tradicionalismo servia para chamar a atenção, no entanto, até à Primeira Guerra Mundial as mulheres e o movimento feminista foram censurados e menosprezados pelos poderes políticos e pela própria sociedade, maioritariamente conservadora. Após a grande guerra, e depois de as mulheres mostrarem o que valiam, isto é, no decorrer da guerra as mulheres foram capazes de substituir os homens em quase todas as tarefas – sustento da família, trabalho nas fábricas, reparações eléctricas, transporte de objectos pesados, tarefas agrícolas e até na frente das batalhas, como enfermeiras. Esta situação veio valorizar a mulher socialmente e reforçou a sua autoconfiança. Nas décadas posteriores ao final do conflito, na maior parte dos países ocidentais, as mulheres obtiveram o direito à intervenção política (ver anexos), fortaleceram a sua posição jurídica na família e viram aberto o acesso a carreiras profissionais prestigiadas.
Embora hoje em dia, existam ainda algumas resistências, o movimento feminista do início do século derrubou as principais barreiras e abriu à mulher uma nova etapa da sua história.


A Descrença no Pensamento Positivista e as Novas Concepções Científicas

No século XIX, o positivismo defendia que o racionalismo e a ciência detinham a capacidade de responder a todos os mistérios do universo. Contudo, no século XX, isto muda.
O filósofo Henri Bergson defendia que existem realidades que não podiam ser limitadas às leis físicas ou matemáticas. Para um conhecimento mais profundo o racionalismo deve fazer-se acompanhar da intuição. Esta era algo diferente da inteligência e mais próxima do instinto que nos revela aquilo que não é aparente, ao contrário da via racional que nos mostra as coisas “por fora”. Assim, tanto o transcendente como a imagem de Deus foram revalorizados.
O Relativismo
A descoberta de que o átomo não era a unidade mais pequena da natureza, permitiu à Física abrir uma nova área de estudos denominada microfísica. Max Planck foi um pioneiro desta área, mostrando que, contrariamente ao que se pensava, as trocas de energia não acontecem num fluxo suave e constante, mas em pequenas quantidades individuais (às quais Planck chamou quantum) que se movem numa velocidade incrível, em saltos bruscos e descontínuos.
A teoria quântica permitiu então um grande avanço na microfísica pois revelou o comportamento dos átomos e dos seus constituintes, revelando que o mundo não tem regras fixas e não é possível prever com toda a certeza acontecimentos futuros ou mesmo perceber claramente o que está a acontecer no presente.
Contudo, foi Albert Einstein que protagonizou a maior revolução na ciência no início do século, ao destruir as bases mais sólidas da Física, negando o carácter absoluto de tempo e espaço.
Einstein defendia que o tempo é uma variável que decorre mais depressa ou devagar conforme a velocidade dos corpos. Esta teoria foi enunciada em 1905 e acabada em 1916 na obra Teoria da Relatividade Generalizada.
As teorias de Planck e Einstein abalaram então a comunidade científica que se viu obrigada a reconhecer que o Universo era mais instável do que se pensava e que a verdade científica não era assim tão universal.
Abriu-se então uma nova concepção científica – o relativismo – que rejeitou o determinismo racionalista baseado na ordem e aceitou o mistério e a probabilidade como partes integrantes do conhecimento.

As Concepções Psicanalíticas

Também a concepção de que o Homem possui uma mente completamente racional foi abalada pelos estudos do médico austríaco Sigmund Freud. Este era um interessado nos estudos dos neurologistas Jean Charcot e Josef Breuer que tinham em comum o facto de utilizarem a hipnose para curar sintomas neurasténicos.
Freud compreendeu então que sob hipnose os pacientes se recordavam de coisas que se julgavam esquecidas. Esta constatação revelou assim a existência de uma parte da mente humana mais obscura que nós não controlamos mas que se manifesta no comportamento – o inconsciente. Foi com base nesta conclusão que Freud elaborou os princípios a que depois veio a chamar psicanálise.
Segundo a psicanálise a mente humana divide-se em três partes diferentes: o consciente, o subconsciente e o inconsciente.
O consciente é uma pequena parte da mente que se assemelha à “extremidade visível do iceberg”, contrariamente ao inconsciente que é uma camada maior, mais profunda e mais obscura. Entre estas duas encontra-se o subconsciente, constituído por alguns elementos psíquicos que podem passar ao consciente com facilidade que pode portanto ser considerado como um “filtro” entre as outras duas partes já referidas.
Influenciado pela moral, o indivíduo bloqueia factos que o envergonham e culpabilizam tendencialmente, aprisionando-os no inconsciente onde ficam aparentemente esquecidos.
Contudo, estes pensamentos reprimidos podem afluir à consciência em lapsos, esquecimentos súbitos, pequenos gestos inconscientes ou, numa forma mais grave, distúrbios psíquicos aos quais Freud chamou neuroses.
Para além da teoria revolucionária sobre o psiquismo, a psicanálise inclui também um tratamento das neuroses que consiste em trazer ao de cima os traumas que lhes deram origem, racionaliza-los e aceitá-los. Este tratamento baseia-se maioritariamente em num método em que o paciente deixa fluir livremente as ideias que tem na mente e também na análise dos sonhos que Freud considerava a “via régia de acesso ao inconsciente”.
No princípio do século XX, as concepções psicanalíticas chegaram a conhecimento do público geral onde foram recebidas entusiasticamente. A descoberta do lado irracional da mente humana afectou assim os comportamentos em sociedade, levando à quebra das convenções sociais que marcou os anos 20.
O impacto da psicanálise chegou ainda ao mundo da arte, originando o movimento surrealista que teve uma forte expressão no panorama cultural na primeira metade do século.

O Modernismo